Quando a chuva vem de voce ela não é um choro, ela não é apenas um desabafo, ela é um desague de emoções, ressentimentos, tristeza. É uma chuva que sai da gente para escorrer para longe, levando as pedras do caminho, os entulhos, o coração partido…
Como toda tempestade que esta para chegar, ela começa com trovões, bravezas vindas de sentimentos represados, guardados, trancados das amarguras da vida. É uma braveza do peito, do corpo todo, da mente, da alma.
Os raios são a ira, a falta de aceitação do que a vida te mostrou/ofereceu, mas como raios que caem em campos vazios, não ferem ninguém, só precisam nascer, iluminar o céu com uma explosão e morrer…
É uma chuva que faz renovar, que assim que termina permite um brotar de sorriso no rosto, como o sol brilhando no céu ou um arco-iris que surge inesperadamente anunciando o fim da tempestade, o alívio.
Essa chuva, a chuva da gente, de tempos em tempos precisa surgir, não para machucar alguém, mas sim para nos limpar a alma, para vir, passar e assim a gente poder continuar nosso caminho, com novas pedras, novos percalços, prontos para novos desafios e desilusões… até que os ventos anunciem que é hora de chover de novo.
Nessas tempestades de sentimentos em que nos encontramos em diversos momentos da nossa vida, nessas nossas chuvaradas, podemos nos conhecer um pouco melhor, aprender a domar nossos raios para que não atinjam quem gosta da gente, aprender a esbravejar sem assustar, a dosar as consequencias que uma chuva forte causa na gente mesmo e no outro, aquele que sequer sabe como se proteger dela.
Chover é deixar que o nosso ser se torne selvagem como a natureza… é deixar aflorar os temores, os medos, o pior lado da gente ou o melhor, dependendo da chuva… mas chover é sempre se purificar.
A água que escorre da gente não serve para o outro, não serve para ninguém mas é boa para limpar o caminho… o nosso caminho, o que traçaremos de maneira consciente ou de maneira bebada e tortuosa, mas um caminho que todos sabemos, estando por aqui, vamos ter que cruzar… a nossa jornada.
Deixe-se chover.